Estou preparando um pão de abóbora com farinha de milho, e quando abro o pote com curry, Nina diz:
– Que cheiro bom!
Dou o pote pra ela ver e cheirar.
– É isso aqui, filha, curry.
Ela cheira e:
– Eca!
Categoria: diálogos
diálogos #87
Quando o balanço começou a ir muito pro lado, Nina me disse:
– Ai, o balanço tá indo muito torto! Que tortura!
pensando bem…
Convido a Nina pra ir dar um passeio mais tarde. Ela pede pra brincar de lavar as paredes da área externa aqui de casa. Aí diz que eu posso ir fazer a minha ideia, e ela vai fazer a ideia dela com o papai. Eu digo: “Boa, filha!”. Aí ela repensa: “Mas tu e o papai são diferentes, né. Tem coisa que o papai me deixa fazer e tu não deixa, e coisa que tu deixa eu fazer e o papai não deixa. Ele não deixa eu brincar disso, e tu deixa, então eu vou fazer contigo, mesmo”.
diálogos #86
Ontem, depois do almoço, a Nina pediu pro Jr ler pra ela. Ele ia fazer isso, mas disse que tinha uma mosca incomodando e primeiro ele queria matar ela.
– Mas não pode matar. Ela pode ser uma mãe.
O Jr me chamou, com lágrimas nos olhos pra eu ouvir também. Choramos os dois, haha. Fui conversar com ela, ele ainda emocionado.
– A mosca pode ser uma mãe, filha? Então não pode matar? Por quê?
– Porque ela pode ter filhinhos. Eles podem ser bebês, e não ter pai, aí eles vão ficar sem ninguém pra cuidar deles.
🥺❤️
diálogos #85
Seguimos na fase dos gibis: pra me informar que estava com fome, Nina chegou ao meu lado e me disse: “Escuta a minha barriga: ronc, ronc”.
diálogos #84
Nina tá numa fase grude com gibis. Quer ler ou que a gente leia vários todos os dias (temos em casa alguns que eram dos irmãos dela). Depois de eu ler uma historinha da Mônica, eu comentei:
– Ah, que história boba, filha. Não gostei.
Ela começou a mexer nos outros gibis e me disse:
– Então eu vou procurar uma mais razoável.
a ordem das coisas
Nina me perguntou:
– Quem era a minha mãe quando tu não eras nascida?
– Quando eu não era nascida tu também não eras nascida. Eu precisei nascer pra que tu pudesses nascer.
– Hã! Que engraçado!
chiu!
Nina e eu caminhávamos perto de casa, numa rua que estava bem calma. Passamos por um carro estacionado, de porta aberta, em que um homem parecia dormir. Ela comentou que ele estava dormindo, e eu falei:
– Pensa que delícia, filha, depois do almoço, com esse som de passarinhos, o barulho do vento mexendo as folhas das árvores, esse silêncio…
– Silêncio não, porque tu tá falando.
🤡
monkey see monkey do
Crianças nos observam e nos imitam o-tem-po-to-do. A gente sabe, não há discurso que se sustente diante de atitudes contraditórias. Mas o post não é sobre isso. É, mas não é.
Nina acabou de me ver emitir uma nota fiscal pra um cliente. Nota fiscal física, peguei meu talão, preenchi à caneta os dados do cliente, os dados do serviço, a Nina perguntou o que era aquilo, e eu expliquei que era do meu trabalho. Quando acabei de preencher a nota fiscal, eu a fotografei e enviei a foto pro meu cliente pelo celular mesmo, pra ele proceder com o pagamento.
Em seguida estava a Nina com papel e lápis na mão, criando. Ela me veio com um pedaço de papel e disse:
– Mamãe, faz uma foto desse meu trabalho?
[No papel ela desenhou linhas onduladas simulando uma escrita de letra cursiva, como eu escrevi ao preencher a nota. Isso mostra o quanto ela estava atenta à minha atividade, porque quando ela quer escrever alguma coisa, usa letras maiúsculas.]
autoestima
– Filha, tu sabes que tu és muito amada?
– Sim.
– Quem que te ama muito?
– Todo mundo!
– Isso mesmo! Todo mundo que te conhece te ama um pouquinho, e isso dá muito amor.
– Não! Todo mundo que me conhece me ama muito, não pouquinho!
diálogos #83
– Filha, queres escovar os dentes?
Penso melhor e mudo a abordagem, porque sei qual seria a resposta pra essa pergunta. Então decido não perguntar, só dizer:
– Ó, pega aqui tua escova.
E ela:
– Tu falou SE eu quero escovar ou É pra escovar?